.:: Relacionamento conjugal na Visão Espírita ::.
O
Namoro
Todo o
relacionamento conjugal precede de um determinado tempo de maturação afetiva,
marcado por um período denominado NAMORO.
O Namoro,
segundo a visão espírita, se traduz por suave encantamento, onde dois seres
descobrem um no outro de maneira "imprevista", motivos e apelos para
a entrega recíproca, numa relação matrimonial e familiar.
No plano
espiritual estes encontros são traçados obedecendo às Leis da reencarnação
entre espíritos que, possivelmente, já tenham partilhado experiências passadas
a nível afetivo e sexual.
Embora os
estudos terrenos estejam propensos a designarem a atração entre dois seres
através da libido, não podemos negligenciar que esta ligação vai além do
físico, pois contamos com inteligências desencarnadas neste "jogo
afetivo" resguardando e guiando companheiros de experiência, volvidos à
reencarnação para fins de progresso e burilamento.
O
Casamento
O Espiritismo ensina-nos que o
casamento "é um progresso na marcha da Humanidade" e que a sua
abolição significaria o "retorno à vida animal".
(O Livro dos Espíritos, Questões 695 e 696 )
O casamento ou
união de dois seres origina um regime de vida em comum pela qual duas criaturas
se confiam uma à outra no campo da assistência mútua, na criação e
desenvolvimento de valores para a vida implicando em direitos e deveres de um
para com o outro.
Para além da
união física e moral, o ser liga-se a outro com um compromisso afetivo, sendo
estabelecido entre ambos um circuito de forças pelo qual se alimentam
psiquicamente de energias espirituais em regime de reciprocidade.
Quase sempre
recebemos como cônjuge a quem muito prejudicamos no passado ou a quem
conduzimos ao desequilíbrio.
Há quem fuja à responsabilidade do matrimônio para evitar problemas ou
sofrimentos inerentes aos compromissos previamente assumidos no plano
espiritual. Estará assim adiando o seu resgate.
(Questão
298 do Livro dos Espíritos)
A maior parte
dos relacionamentos matrimoniais que se distinguem felizes, só o são,
relativamente pelas afinidades de suas inclinações e instintos.
Apenas nas
esferas superiores, advertem-nos a Espiritualidade, é que se encontra a
verdadeira união e reciprocidade entre os espíritos.
União
Feliz
Quando dizemos
que ansiamos para encontrar a nossa "cara metade", estamos desejando
uma relação a dois feliz. Pensamos encontrar alguém que nos complemente de
todas as formas.
Geralmente
marcada por resgates de provas ou expiações, é o tipo de união mais propenso no
nosso estágio evolutivo. Com mais ou menos intensidade, dependerá de várias
condicionantes pretéritas para determinar a sua complexidade.
Nas ligações
terrenas encontramos as grandes alegrias; no entanto é também dentro delas que
somos habitualmente defrontados pelas mais duras provações. Isto porque, embora
não percebamos de imediato, recebemos "quase sempre no companheiro da vida
íntima os reflexos de nós próprios". (Emmanuel)
Através dos
princípios cármicos - Lei da ação e reação - vamos resgatando nossos débitos
através das provas, tentações, crises ou situações expiatórias.
Aquilo que
passamos hoje, possivelmente, fizemos o nosso companheiro experimentar no
passado.
As
Responsabilidades Mútuas
Nos casos de aborto,
a responsabilidade é comum quando de conhecimento mútuo.
Em casos de casais
sem filhos, a causa poderá estar fundada em infertilidade de um dos
cônjuges, ou de ambos, resultando em instabilidade emocional a nível familiar.
Ou no caso de um dos dois não optar por filhos, tal gerará desentendimentos
também a este nível. Tanto na primeira como na segunda hipótese a situação é
delicada e poderá ser encontrada uma resposta através do passado espiritual.
Terapêutica: No
primeiro caso a doutrina aconselha a adoção, pois nunca se saberá se os laços
espirituais estarão próximos independentemente da consangüinidade. No segundo,
é recomendada a paciência e o respeito pelo outro, ponderando em conjunto a
melhor solução para a manutenção da família.
O Respeito e
a cooperação em casa, nos afazeres domésticos, são importantes detalhes
para a manutenção equilibrada e harmoniosa de uma relação conjugal.
Principalmente, nos dias de hoje, que os jovens casais fracionam o seu dia
entre o seu trabalho profissional e a casa e que, muitas vezes, se vêm
confrontados com situações delicadas a este respeito. A formação por parte dos
pais, por melhor que seja, nem sempre se ajusta às necessidades atuais, visto
que as gerações vão modificando as suas expectativas.
A cooperação nas pequenas coisas deve ser constante na vida a dois,
principalmente hoje, na vida moderna.
Diálogo
Através do
diálogo e bom senso, o casal passa a conversar acerca das suas diferenças e
mutuamente procuram um consenso.
A primeira
condição para o sucesso do diálogo está em saber ouvir.
A falta de paciência de um dos cônjuges em ouvir o outro contribui para que
haja mágoa, decepção, influindo negativamente no próprio relacionamento do
casal.
E quando se diz dialogar é em tom baixo e respeitoso e não pendendo para a
discussão.
Terapêutica: O
diálogo é edificante, a discussão desestabilizadora.
É de tal conveniência para a harmonia do casal que tanto o esposo quanto a a
esposa reservem sempre tempo para conversar, seja à noite seja fins-de-semana.
É preciso não permitir que o diálogo torne-se cada vez mais raro.
O casal deve saber ceder.
Na convivência conjugal, nenhum deve deixar prevalecer a sua vontade de forma
impositiva e nem deixar que o outro se anule para atender as suas exigências
egoísticas.
Cada um tem a sua personalidade e consciência que precisam e devem ser
respeitadas. Nenhum tem o direito de cercear a liberdade do outro, desde que
esta não corrompa o respeito e as responsabilidades mútuas assumidas enquanto
casal.
Infelizmente ainda possuímos o desejo de "limar" as imperfeições e
defeitos do outro segundo os nossos critérios e modelos mentais.
Devemos aceitar as diferenças com carinho, respeito e dignidade.
As
Diferenças entre os cônjuges
Não esperemos
que o nosso cônjuge não tenha defeitos. Todos os temos. Bastará algum tempo de
convivência para nos darmos conta dos defeitos dele e ele dos nossos.
A aceitação será
o melhor caminho.
Sem dúvida o
cônjuge poderá ajudar o outro a combater as suas más inclinações. Mas essa
ajuda terá que ser dada com muito cuidado, de forma amiga, respeitosa, longe de
terceiras pessoas, para não ferir a sua sensibilidade, caso contrário, será uma
atitude profundamente infeliz e deselegante.
Infelizmente,
constatamos muito mais as atitudes constrangedoras.
Para o cidadão comum, deveria representar um código de ética as atitudes
baseadas na benevolência e indulgência; para nós espíritas, para além de um
código de ética moral, representa uma atitude cristã.
Outro hábito
anticristão é o de utilizar expressões depreciativas para os defeitos do
cônjuge - incluindo também as brincadeiras de mau gosto. As qualidades é que
devem ser exaltadas contribuindo para uma harmonia constante e admiração mútua
entre o casal.
Alterações
afetivas no Casamento
No princípio
tudo é sonho - é Lua de Mel!
Depois o
quotidiano se encarrega de moldar o nosso olhar para as experiências, retirando
o véu de ilusões. Em muitos casos a afeição perdura e amadurece. Mas em uma
esmagadora maioria a união se desencanta e aí verificamos se os cônjuges estão
unidos verdadeiramente em espírito.
Com a chegada
dos filhos, a situação agrava-se, pois o carinho e a afeição que está dividida
entre duas pessoas, passa a ser partilhada por mais.
O casamento
repentinamente promissor "adoece". Os desafios do quotidiano
representam conflitos, moléstias, falhas de formação e temperamento.
Ciúme
A união conjugal
deve estar apoiada na confiança mútua, conquistada e não imposta.
Confiança:
Motivos de
abalo
- Pequenas mentiras
- (muitas vezes antes do casamento)
- Traição
- (dificilmente a confiança é reconquistada)
O cônjuge
ciumento fere profundamente o outro quando por motivos infundados, arriscando o
desgaste da relação e frequentemente provocando separações.
O ciumento é
infeliz, vítima da sua insegurança.
Por outro lado, o cônjuge que é vítima do ciúme deve armar-se de muita
compreensão para evitar o desgaste e a dissolução do casamento.
A doutrina nos
orienta ajudando-nos a entender que muitas causas reais de males e
aborrecimentos estão radicadas em vidas anteriores.
Terapêutica: Os
cônjuges devem procurar a educação permanentemente para terem e concederem
liberdade ao parceiro sem que venham a abusar dela.
Caso o desajuste
seja de difícil solução deve-se sempre ponderar saídas alternativas à
separação.
Crises
na vida conjugal
Podem afetar
ambos ou a um dos dois.
As causas podem ser as mais variadas, dentre as quais:
- Processo obsessivo
- (não perceptível claramente)
Ambos os motivos
podem gerar certa indiferença afetiva com evidentes repercussões no
relacionamento conjugal.
O casal,
principalmente o espírita, deve estar preparado para enfrentar estes momentos
de crise, recorrendo a medidas preventivas que estão no Evangelho de Jesus,
instruindo-se através das obras da codificação.
Problemas Financeiros -
Costumam exercer grande influência no relacionamento conjugal, quando:
- O marido deixar de colocar à disposição do lar o
dinheiro necessário para as despesas normais.
- Quando há controlo rígido por parte do marido
acerca do dinheiro que disponibiliza para a esposa.
- Por vezes torna-se problemático a mulher ganhar
mais que o marido.
- Quando há escassez ou excesso de dinheiro que possa
influenciar a estabilidade emocional do casal.
A Doutrina
Espírita fornece meios para que modifiquemos o nosso olhar para as diversas
situações problemáticas, através do entendimento do presente, considerando as
provas e expiações inerentes ao nosso passado espiritual. O ser ao deparar-se
com a sua situação de vida motivada pela compreensão dos fatos, tornar-se-á
mais resignado e prudente na sua conduta mental e ativa.
Estará mais motivado em todos os aspectos, fomentando a fé e a esperança no dia
de hoje para que o amanhã seja mais promissor.
Portanto, não há
passividade e sim atitude pacífica de aceitação e na confiança de que nada
acontece por acaso.
Tanto na
escassez como na abundância, o dinheiro representa um empréstimo que Deus
confere aos homens para o uso ao bem geral. Alimentando paixões é
desvirtuar-lhe a finalidade justa.
O dinheiro
familiar deve ser empregue para a sua manutenção, sem deixar melindres tanto ao
homem como à mulher, de reter a sua pequena porção para o seu uso pessoal.
Problemas
obsessivos - Tanto a vítima da obsessão quanto o cônjuge, na maioria das
vezes, nada percebem; porquanto os obsessores não criam o mal da vítima; apenas
identificam as tendências e as estimulam de forma intensa e persistente
procurando exacerbá-las.
Entre as várias
conseqüências da ação obsessiva, a que ocorre com mais freqüência é a INFIDELIDADE CONJUGAL.
Os obsessores
atraem para o obsedado, pessoas com necessidades afetivas e determinados
desejos sensuais.
Passada a fase
de júbilo, de grandes satisfações, os obsessores mudam de tática levando a
vítima ao desinteresse gradual e à infelicidade incitando-o ao sentimento de
culpa.
Terapêutica -
Eis porque o casal deve cultivar o Cristo no Lar. O trabalho persistente na
seara do bem, a oração constante e a harmonia em casa, são recursos de valor
inestimável para proteger a família das investidas das entidades infelizes:
" Vigiai e orai para não cairdes em tentação " - disse Jesus.
Separação
O homem da
atualidade tem encarado com muita naturalidade a separação conjugal, não
exigindo motivos muito fortes para consumá-la - uma simples incompatibilidade
de gênios.
À luz do
Espiritismo, a separação se constitui em decisão muito séria, que só deve ser
tomada em situações extremas.
A maioria dos
casamentos na Terra, por serem
provacionais, requerem muita renúncia para serem levados até ao fim.
Frequentemente
os casais confundem diferenças de gostos e ideais com incompatibilidade. É
muito raro que as pessoas não apresentem tais diferenças.
É necessário
aprenderem a dialogar e a se respeitarem mutuamente, e assim poderão viver em
paz no lar. Mas o egoísmo leva o casal a a agir de forma antagônica.
Sob o ponto de
vista espiritual é recomendado o esforço para melhorar-se a si próprio, tomando
consciência dos seus defeitos corrrindo-os, auxiliará à melhoria da relação,
possivelmente convertendo aversões do pretérito em razoável amizade.
A separação não
será solução pois significará o protelamento de reajustes indispensáveis e, por
conseguinte, a falência da união perante as Leis de Deus.
Quando envolve
filhos, a separação pode significar profundas alterações de rariz imprevisível,
desviando-os do curso da própria vida, em situações por vezes debilitantes e de
graves conseqüências - vícios, desajustes psicológicos, etc.
Se for desejada
por um dos cônjuges por fuga ao compromisso assumido, não haverá outra
alternativa senão aceitá-la pacificamente.
Neste caso, se a relação implicava reajuste, àquele que sucumbiu ao seu
compromisso será exigido resgate futuro.
Mesmo assim não devemos julgar os motivos de uma separação. Cada caso é um
caso.
Romantismo
A preservação do
romantismo é indispensável à consolidação da vida conjugal.
Muitas vezes o
romantismo se dilui devido a vários fatores do quotidiano e envolvência
excessiva pela rotina diária, conduzindo o afeto mútuo ao engano através de
decepções, indiferença, desprezo, falta de diálogo, egoísmo, grosseria, maus
tratos, infidelidade, etc.
A mente tem papel importantíssimo
neste assunto. Se ela está voltada constantemente para a pessoa amada, nosso
sentimento para com ela aumenta, evolui.
Lembra-se quando
você estava apaixonado pelo seu companheiro?
Pequenos gestos
são importantes e afastam a indiferença que afeta corrosivamente a relação a
dois.
É muito
importante continuar com as suas "pequenas investidas" no seu
parceiro, tal como no princípio, mantendo a chama acesa.
Se a fase da
vida não lhe permite vivenciar este romantismo, seja qual for a razão, então
encontre na amizade e carinho pelo seu parceiro o caminho para o mais elevado
sentimento de amor espiritual, dando-lhe muita ternura de forma prazerosa sem
nada querer receber.
Jesus nos ensina
que onde está o nosso tesouro aí está também o nosso coração.
Se um cônjuge considera o outro o seu tesouro, com ele estará o seu coração e
toda a sua afetividade.
(Questão
298 do Livro dos Espíritos)
As almas
que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada
um de nós tem nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um se reunirá?
"Não; não
há união particular e fatal de duas almas. A união que há é a de todos os
Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é,
segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais
unidos. Da discórdia nascem todos os males humanos; da concórdia resulta a
completa felicidade."
(Questão
303 do Livro dos Espíritos)
Podem
tornar-se de futuro simpáticos, Espíritos que presentemente não o são?
"Todos o
serão. Um Espírito, que hoje está numa esfera inferior, ascenderá,
aperfeiçoando-se, à em que se acha tal outro Espírito. E ainda mais depressa se
dará o encontro dos dois, se o mais elevado, por suportar mal as provas a que
esteja submetido, permanecer estacionário."
(Questão
303 a)
do Livro dos Espíritos)
Podem
deixar de ser simpáticos um ao outro dois Espíritos que já o sejam?
"Certamente,
se um deles for preguiçoso."
Kardec ainda
complementa:
A teoria das metades eternas encerra uma simples figura, representativa da
união de dois Espíritos simpáticos. Trata-se de uma expressão usada na
linguagem vulgar e que se não deve tomar ao pé da letra. Não pertencem decerto
a uma ordem elevada os Espíritos que a empregaram. Necessariamente, limitado
sendo o campo de suas ideias, exprimiram seus pensamentos com os termos de que
se teriam utilizado na vida corporal. Não se deve, pois, aceitar a idéia de
que, criados um para o outro, dois Espíritos, tenham, fatalmente, que se unir
um dia na eternidade, depois de haverem estado separados por tempo mais ou
menos longo.